2001


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AGOSTO

Quinta-feira, 08 de agosto de 2001

 

A ACPO, Esteve presente dias 02 e 08, em reunião da câmara técnica e plenária do CONSEMA, houve solicitação para que as empresas CARBOCLORO e RHODIA, expliquem a contaminação por mercúrio em seu subsolo e efluentes e apresentem o estudo e os projetos de saneamento ambiental deste metal pesado naquelas áreas.


Sábado, 11 de agosto de 2001

 

A ACPO, Esteve visitando os pontos contaminados pela Rhodia na área continental de São Vicente... Km 67, 69 e Quarentenerário.


Quarta-feira, 15 de agosto de 2001

 

DIA 15 FOI REALIZADA MANIFESTAÇÃO EM FRENTE AO IMESC - INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL E CRIMINOLOGIA DE SÃO PAULO, CONTRA A ATUAÇÃO DOS PERITOS DO ESTADO QUE TRABALHAM CLARAMENTE EM PREJUÍZO DO TRABALHADOR CONTAMINADO E/OU LESIONADO EM SEU LOCAL DE TRABALHO

 

Representantes dos trabalhadores expostos ao mercúrio, ao amianto, aos organoclorados - POPs, ao benzeno e os portadores de LER/DORT do Estado de São Paulo, estiveram dia 15 de agosto de 2001 - às 14 horas, mobilizados na manifestação em protesto pelas práticas lesivas adotadas pelos Peritos do instituto IMESC, relacionadas a saúde do trabalhador, e cobrar das autoridades para coibir tais abusos, práticas visivelmente contra o trabalhador contaminado e/ou lesionado em seu local de trabalho. Protestam também contra a proposta do Sr. FHC de privatizar o Seguro de Acidente de Trabalho.

Um documento foi protocolizado, no guiche pela segurança da IMESC. O Ilmo. Sr. Superintendente da autarquia, negou atender a comissão que pretendia conversar e entregar em mãos o documento em protesto a tais práticas supra. Ao contrário mandou passar um cadeado no portão, mostrando como eles realmente não estão preocupados em ao menos ouvir os trabalhadores contaminados e/ou lesionados que batem a sua porta.

Mostra bem a postura do Estado frente as questões populares de saúde ocupacional e pública. "Ignoram" a doença, a contaminação, a lesão... em detrimento do trabalhador. Em benefício dos grandes conglomerados do crime, tornam ainda mais fácil o trabalho sujo daqueles que multilam, contaminam, e matam os que trabalham em nosso País, pois aqui ainda é mais barato para os "Patrões" matar o trabalhador do que previnir o acidente, a exposição e a doença. A quem serve estes senhores?

 

ORGANIZAÇÃO:

Plenária Municipal de Saúde do Trabalhador do Munícipio de São Paulo

AEIMM - Associação dos Expostos e Intoxicados poe Mercúrio Metálico

Associação de Prevenção em Combate a LER do Estado de São Paulo

ABREA - Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto

ACPO - Associação de Consciência à Prevenção Ocupacional

 

APOIO:

Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

Presentes representante da CUT - CGT - Força

 

Clique abaixo e veja fotos da Manifestação

FOTO 01 FOTO 02 FOTO 03 FOTO 04


Sexta-feira, 17 de agosto de 2001

 

Por solicitação do Ministério Público Federal, estivemos representando as ONGs, ambientalistas que ofereceram uma Representação para o MPF, contra o despejo de esgoto pós tratamento no Rio Iguapeu divisa com a reserva dos indios Tupis-Guaranis na cidade de Mongaguá.

O tubo de saida da Estação de Tratamento de Esgoto, motivo da Representação foi desviado do Rio Iguapeu e num giro de 180º, foi levado até o canal que se inicia ao lado da Rodovia Padre Manoel da Nobrega, próximo ao posto Ipiranga, onde é despejado o produto final. Em consulta a moradores próximos ao Rio Iguapeu e também ao Cacique Tupi-Guarani DAVI, o problema foi resolvido não havendo mais conflito daqueles moradores da margem do Rio com a ETE BIXORÓ.

Segundo informações a Prefeitura da Cidade está negociando com investidores Japoneses, a fim de viabilizar a instalação de rede e tratamento de esgoto em toda Mongaguá.


SEMINÁRIO

 

Poluição Industrial e Contaminação
Humana no Brasil

 

DATA: 13 e 14 de setembro de 2001

LOCAL: Instituto Biológico - Auditório Rocha Lima

Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1253 - Vila Mariana – São Paulo – Capital

PROGRAMA

 

DIA 13 DE SETEMBRO

 

9hs – Abertura

Composição de Mesa

José Carlos Meloni Sicoli

Coordenador do CAO – Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado de São Paulo

José  Guilherme Purvin de Figueiredo

Presidente do IBAP – Instituto Brasileiro de Advocacia Pública

Autoridades presentes

exibição do vídeo
Poluição Industrial e a Contaminação Humana no Brasil

 

Contaminação e gestão ambiental

Mediador: Dr. Roberto Carramenha

Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente do  Estado de São Paulo

Élio Lopes dos Santos

UNISANTA – Universidade Santa Cecília de Santos

Arline Arcuri

Fundacentro

Fernanda Giannasi

Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina

 

coffee break

Contaminação e toxicologia

Mediador: Guilherme José Purvin de Figueiredo - Presidente do IBAP-Instituto Brasileiro de Advocacia Pública
Igor Vassineff  - Presidente da Associação Brasileira de Toxicologia

Eládio Santos - Médico Sanitarista do Centro de Intoxicações de Santos-SP

 

Intervalo para almoço

 

14hs - O Direito a uma vida livre de poluição

Mediador: Celso Augusto Coccaro Filho

IBAP - Instituto Brasileiro de Advocacia Pública

Antonio Herman V. Benjamin

IDPV - Instituto o Direito por um Planeta Verde

Dr. Antônio Fernando Pinheiro Pedro

ABAA – Ass. Bras. dos Advogados Ambientalistas

Ana Cláudia Bento Graf

IBAP-Instituto Brasileiro de Advocacia Pública

 

coffee Break

 

Contaminação Humana, 
Estado e Sociedade

Mediador: Dr. Márcio Camarosano
Pres. da Comissão do M. Ambiente da OAB/SP
Orlando Cassettari 
Diretor de Controle de Poluição Ambiental da CETESB-Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

José Carlos Meloni Sicoli  

Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente do ESP

Carlos Bocuhy

Coordenador da Campanha Billings, eu te quero Viva!

Gelso Aparecido de Lima
Diretor do Departamento de Saneamento e Meio ambiente do Sintaema – Sindicato dos Trabalhadores  em Água e Esgoto do Estado de São Paulo


DIA 14 DE SETEMBRO
Casos de contaminação humana por poluição industrial


9hs – Abertura

José Eduardo Ramos Rodrigues

IBAP – Instituto Brasileiro de Advocacia Pública

Carlos Bocuhy

Campanha “Billings ,Eu te quero Viva!”

 Caso: Contaminação por POPs - Poluentes Orgânicos Persistentes

Relator: João Carlos Gomes

ACPO-Associação de Combate ao POPs – Santos- SP

Caso: Contaminação por uso industrial do mercúrio

Relator: Cecília Zavaris

DRT - Ministério do trabalho - SP

Caso: Contaminação por drins (POPs)

Relator: Paulo Vicente de Souza

Movimento dos contaminados pela Shell – Paulínia

 

coffee break

 

Caso – Contaminação por benzeno – Cubatão

Relatores:

Mauro Roszman

Médico Sanitarista, Perito em Acidentes de Trabalho

Danilo Fernandes Costa

Comissão Estadual do Benzeno – São Paulo

 

Caso: contaminação por Amianto

Relator: Eliezer João de Souza

Presidente da ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto

 

intervalo para almoço

 

14hs - Caso: contaminados por DDT – Mato Grosso do Sul

Relator: Franco José Vieira

Advogado dos contaminados

 

Caso: Contaminação por BHC na Cidade dos Meninos - RJ

Relator: Beatriz Tess
Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia em Saúde/MS

Caso: contaminação do Residencial Barão de Mauá – Mauá - SP

Mídia eletrônica

 

coffee break

 

Composição da mesa pelas entidades promotoras para debate e produção de documento final a ser enviado às autoridades, divulgado para a imprensa e à sociedade.

 

17:00hs - encerramento

 

Entidades Promotoras

Campanha “Billings, eu te quero Viva!”

IBAP – Instituto Brasileiro de Advocacia Pública

IDPV - Instituto Direito por um Planeta Verde

Instituto Biológico

Escola Brasileira de Direito e Política Ambiental

Ministério Público do Estado de São Paulo

Procuradoria Geral do Estado de São Paulo

Apoio:

ACPO - Associação de Combate aos POPs

Rede Virtual-cidadã para o Banimento do Amianto na América Latina

DHEMA – Direitos Humanos e Meio Ambiente

ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto

ABAA – Associação Brasileira de Advogados Ambientalistas

 

Coordenação Técnica do evento

Carlos Bocuhy

 

Os anais do evento serão publicados pela RT-Revista dos Tribunais

 

 

Inscrições e informações: IBAP

11  3104.2819 – ibap@ibap.org



Sexta-feira, 29 de agosto de 2001

 

UMA LIÇÃO DA NÉVOA TÓXICA DE MAUÁ

Melhoria de métodos e equipamentos de controle não é suficiente para evitar contaminação. Solução só virá com a adoção dos conceitos da Produção Limpa.

Por Délcio Rodrigues

Com os sonhos de toda uma vida desfazendo-se nos gases tóxicos que invadem suas casas, os moradores do conjunto residencial Barão de Mauá, na Grande São Paulo, chamam nossa atenção e emoção para o problema das áreas contaminadas. Situações semelhantes vêm afligindo moradores de Paulínia, Formiga, das baixadas santista e fluminense e muitos outros locais vitimados pela irresponsabilidade de capitães de indústria e autoridades ambientais, colocando em questão as leis e métodos de controle empregados no Brasil.

A verdade é que não temos controle sobre a maior parte dos resíduos gerados pela indústria, que acabam sendo depositados aleatoriamente no meio ambiente. Quando estes resíduos são biodegradáveis, sequer temos notícia da irresponsabilidade de "recicladores", transportadores e indústrias. Mas quando o resíduo descartado é tóxico, persistente e biocumulativo, fenômenos naturais ou a expansão urbana acabam por devolver à sociedade o produto indesejável da indústria. Esta devolução, no mais das vezes, atinge os mais pobres, aqueles que buscam áreas baratas para construir suas casas.

São muitos os exemplos. As areias do Rio Cubatão, contaminadas com organoclorados produzidos pela Rhodia, foram dragadas e utilizadas em várias construções na baixada santista, entre elas um shopping, disseminando contaminantes por locais insuspeitos. Anteriormente, estes mesmos resíduos haviam contaminado trabalhadores da empresa e vizinhos de terrenos utilizados ilegalmente para seu descarte, provocando o fechamento da fábrica pelo Ministério Público. Outro exemplo dramático é o Bairro Recanto dos Pássaros em Paulínea. Lá, os resíduos de produção e as cinzas de incineração da Shell Química foram enterrados em valas comuns dentro do terreno da empresa. Com a ação do tempo, atingiram o lençol freático e contaminaram moradores, caseiros e usuários de fim de semana das chácaras vizinhas.

Não somente áreas próximas à industrias sofrem com o descontrole do resíduo. A bucólica região de Formiga, no sudoeste mineiro, foi usada pelas empresas Fiat, Alcan, Volkswagen, Ultrafértil e Goodyear, entre quase outras duzentas, para descartar resíduos de plástico, borracha e carpetes em voçorocas de fazendas. Parte destes resíduos foi utilizada como combustível de fornos primitivos de produção de cal. Análises laboratoriais mostraram presença de dioxinas nas cinzas dos fornos, na cal produzida e também no solo próximo a alguns fornos. O solo de uma voçoroca utilizada para queima de resíduos de PVC da Fiat também apresentou contaminação por dioxinas e furanos. Não se sabe se os trabalhadores das caieiras da região foram contaminados, já que não foram feitos os necessários exames de saúde, mas dadas as condições de trabalho e ausência de equipamentos de proteção individual, teme-se que parte destes tenha sido afetada.

Resíduos industriais tóxicos, persistentes e biocumulativos podem até atravessar oceanos, como aconteceu com a cal contaminada com dioxinas e furanos da multinacional belga Solvay, depositada em Santo André ao lado da empresa e do Rio Grande. Além de contaminar o leito do rio e colocar em risco mananciais da Grande São Paulo, o subproduto foi vendido irresponsavelmente para composição de ração animal, posteriormente exportada para a Europa e consumida por gado alemão, o que acabou elevando o teor de dioxinas no leite lá produzido e prejudicando por duas safras a exportação de bagaço de cítricos para a Europa, num prejuízo de US$100 milhões por ano para as exportações brasileiras.

Estes casos têm embutida uma lição: uma vez produzida, a poluição tóxica, persistente e biocumulativa, de uma maneira ou de outra, ameaça o meio ambiente e a população humana. Claro que é possível diminuir este risco, e muito pode-se fazer melhorando a legislação de controle industrial, coisa que a Câmara Federal está finalizando. É possível também avançar treinando e equipando os funcionários incumbidos da fiscalização.

No entanto o mais importante é não produzir o resíduo. Para isto, produtos e processos industriais precisam ser constantemente questionados e revisados na busca da produção limpa, na tentativa de fechar de vez os ciclos de produção e conseqüentemente reduzir a zero o descarte de resíduos. Perseguir a descarga zero de resíduos e adaptar-se às exigências de um consumidor cada vez mais responsável são os dois grandes desafios da indústria no século 21.

Délcio Rodrigues é físico, ambientalista e diretor da Solução Ambiental, empresa dedicada a parcerias em projetos ambientais e ao planejamento do desenvolvimento sustentável. (delciorodrigues@uol.com.br)