2001


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MARÇO

Quinta-feira, 15 de março 2001

 

Resíduos Tóxicos da Carbocloro aparecem em São José dos Campos

(Carbocloro empresa fabricante de soda/cloro sediada na cidade de Cubatão)

 

Jornal Vale Paraibano
(São José dos Campos)

Meio Ambiente

Lei impede remessa de lixo tóxico de Cubatão para S. José

Prefeitura veta armazenamento de resíduos de mercúrio em aterro da zona leste

Por: Marcelo Claret

O armazenamento das 3.000 toneladas de resíduos contendo sulfeto de mercúrio removidos de Cubatão para São José dos Campos contraria a legislação municipal, que proíbe os aterros de receberem lixos industriais de outras regiões do Estado.

Para cumprir a legislação, a prefeitura foi obrigada a determinar ontem que a empresa Ecosistema Gerenciamento de Resíduos deixe de receber o lixo tóxico da indústria química Carbocloro no aterro situado no bairro Capão Grosso, zona leste de São José.

O resíduo é altamente tóxico e são necessários mais de 300 anos para que seja biodegradado.

Em caso de vazamento, pode contaminar o lençol freático e causar a morte de pessoas (veja quadro nesta página).

A secretária de Obras da prefeitura, Maria Rita de Cássia Singulano, disse que desconhecia o armazenamento.

"A lei é clara e proíbe o depósito de material." Maria Rita disse que a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), de Taubaté, aprovou a transferência dos resíduos para São José sem observar a lei municipal.

"Essa semana a prefeitura vai se reunir com a Cetesb para verificar porque foi dada a licença." A secretária disse que não sabe se a prefeitura vai determinar a retirada do material do aterro na cidade. "Vamos verificar se é mais perigoso manter ou remover o material", disse.

A assessoria da Cetesb, em São Paulo, informou que não tinha como localizar nenhum técnico da companhia na noite de ontem para comentar o assunto.

Em entrevista anterior, o gerente da Cetesb de Taubaté, Vander Eustáquio Salomon, disse que o órgão concordou com a remessa dos resíduo para São José, porque a Ecossistema atende as exigência da legislação ambiental.

As 3.000 toneladas de resíduos mercuriais armazenados em São José representam todo o material gerado em 16 anos pela empresa Carbocloro, que produz soda cáustica e cloro.

Ativistas do Greenpeace e moradores do bairro Capão Grosso temem riscos de contaminação em caso de vazamento (leia mais nesta página).

O diretor comercial da Ecossistema, João Gianese, disse que a empresa tem autorização da própria prefeitura para receber resíduos químicos de outros municípios.

"Em 99 a empresa foi questionada pela prefeitura sobre a lei 4.404. Com um recurso, ganhamos direito adquirido para receber os resíduos porque a lei foi redigida anos após a instalação do aterro."

Segundo ele, o direito é válido para a área original licenciada em 85, quando o aterro foi instalado. A empresa já ocupou 70% de sua capacidade de armazenamento. O espaço disponível daria ainda para abrigar cerca de 80 mil toneladas de resíduos.