FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos Ministério da Ciência e Tecnologia
Exmo. Sr. Presidente da FINEP
DD. Sérgio Machado Rezende
 
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70.610-200 - Brasília - DF
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C/C: Ministério da Ciência e Tecnologia
Exmo. Sr. Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia
DD. Roberto Amaral
 
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PABX: (061) 317-7500 - FAX: 225-7496
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C/C: Ministério do Meio Ambiente Exma.
Sra. Ministra de Estado do Meio Ambiente
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C/C: Departamento de Mecânica da Universidade Federal do Paraná
Ilmo. Sr. Prof. Edson Pereira de Magalhães
 
Centro Politécnico - Jardim das Américas
CEP: 81531-990 - Caixa Postal 19011 - Curitiba - PR
Tel: (41) 361 3123 - FAX: 361-3129
demec@demec.ufpr.br
 
 
Ofício: n.º 04082003.2
 
 
REFERENTE: GASEIFICAÇÃO E INCINERAÇÃO DE LIXO URBANO
 
(Uma maneira eficaz de destruir recursos naturais não renováveis, poluir e contaminar o meio ambiente,
intoxicar os cidadãos e de queimar recursos financeiros públicos normalmente escassos)
 
 
 
Prezados (as) Senhores (as)
 
 
 
Vimos muito respeitosamente pelo presente, em função das notícias veiculadas nos meios de comunicação, que alcançou grupos interessados além de nossa fronteira, nos manifestar sobre o termo de compromisso firmado entre o Departamento de Engenharia Mecânica da UFPR, por meio da Fundação Universidade Federal do Paraná, e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobrás, sendo este documento parte de um convênio firmado em dezembro de 2002, em que participam ainda a FINEP e a empresa Enercons - Empresa Paranaense de Consultoria em Energia.
 
Ocorre que o sistema que se pretende testar e instalar é processo já exaustivamente utilizado nos países desenvolvidos, onde os incineradores são adaptados para funcionar como produtores de energia elétrica. Segundo Neil Tangri, no entanto, uma análise detalhada do ciclo de atividade revela que os incineradores gastam mais energia do que produzem, além do mais grave que é causar riscos desnecessários à saúde pública e ao meio ambiente, que podem ser verificados no seu entorno e nas outras áreas de influência (vários quilômetros), tais como danos ao sistema imunológico, à reprodução dos seres vivos e ao sistema nervoso central, interferências hormonais, e prejuízos a suas funções motora, sensorial e cognitiva, que podem ser causadas pelos POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes), tais como dioxinas, furanos, PCBs, hexaclorobenzeno e metais pesados, como o mercúrio, cádmio e outros, todos passíveis de serem emitidos por sistemas de incineração.
 
Não se pode negar que este projeto de "recuperação de energia" pretendido, que recebe um novo nome "técnico" de gaseificação, é na verdade um projeto de incineração adaptado. Inclusive a legislação da União Européia é bem clara em sua diretiva 2000/76/CE Artígo 2.4 e 2.5, quando inclui a gaseificação dentro da categoria de "PLANTA DE INCINERAÇÃO".
 
Ressaltamos ainda que o Brasil firmou em maio de 2001, juntamente com mais de uma centena de nações, a Convenção de Estocolmo sobre POPs, assumindo um compromisso efetivo com a comunidade internacional. Por meio desta Convenção, os países signatários se comprometem a tomar as medidas necessárias para reduzir, e quando for possível eliminar, a emissão de POPs no meio ambiente. E neste sentido, as instituições do Brasil deveriam ser conseqüentes com os compromissos do País, adotando e levando a cabo uma política interna coerente com os compromissos internacionais assumidos, e que efetivamente garantam um meio ambiente saudável a todos os seus cidadãos.
 
Com o objetivo de conscientizar os cidadãos sobre os malefícios da tecnologia de incineração, e atentar para outras técnicas alternativas ambientalmente saudáveis, uma grande manifestação em âmbito mundial foi realizada no dia 15 de julho de 2003. Na ocasião, no Brasil um release foi enviado para várias autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de veículos de comunicação em geral, alertando também sobre a pressão que a tecnologia vem sofrendo no primeiro mundo, resultando no fechamento de antigas unidades e na não implantação de novas plantas de incineração. Isso vêm fazendo com que o lobby internacional dos detentores de patentes deste tipo de tecnologia realize incursões nos países com economia em transição para buscar a transferência desta tecnologia já em declínio vertiginoso no primeiro mundo, uma mostra clara do duplo padrão tão duramente combatido por entidades afins.
 
Neste sentido vimos solicitar que o projeto em pauta seja repensado e substituído por outros alternativos para produção de energia e destinação do lixo, de forma que não tragam danos ambientais e à saúde pública como aqueles verificados pela destruição por incineração de resíduos industriais e lixo urbano, lembrando que segundo a Convenção de Estocolmo os incineradores são responsáveis pela emissão de 69% de toda a dioxina proveniente de fontes conhecidas, substância que é amplamente conhecida como "a molécula da morte".
 
Buscando contar com a sensibilidade do Senhor Presidente da FINEP e responsáveis pelo desenvolvimento do projeto em questão, além dos outros órgãos governamentais competentes, rogamos sabedoria em benefício do nosso meio ambiente e saúde da presente e das futuras gerações.
 
 
a) Waste Incineration: A Dying Technology (full - pdf): http://www.no-burn.org/resources/library/wiadt.pdf
b) Incineração de Resíduos: Uma Tecnologia Agonizante (resumo português): http://www.acpo.org.br/campanhas/inc_aterro/inc_de_residuos.htm
c) Release sobre o Dia da Ação Global contra a Incineração: http://www.acpo.org.br/campanhas/inc-aterro/gda_2003.htm
d) Directiva 2000/76/CE Artículo 2.4 y 2.5: http://europa.eu.int/comm/environment/wasteinc/newdir/2000-76_en.pdf
 
 
 
São Paulo, 11 de agosto de 2003
 

GAIA - Global Anti-Incinerator Alliance

GAIA - Global Alliance for Incinerator Alternatives
 
Jeffer Castelo Branco
jeffer@acpo.org.br
ACPO - Associação de Combate aos POPs
ACPO - Associação de Consciência à Prevenção Ocupacional
http://www.acpo.org.br
 
John Butcher
john.butcher@br.greenpeace.org
Greenpeace Brasil
http://www.greenpeace.org.br
 
Doralice Pedroso-de-Paiva
Med. Veterinária
Concórdia - Santa Catarina - Brasil
Cecilia Allen - América Latina
cecilia@no-burn.org
 
Manny Calonzo - GAIA Secretariat
manny.gaia@no-burn.org
 


" Planta de recuperación de energía en Brasil..
 
UFPR quer produzir energia elétrica a partir do lixo urbano
 
Curitiba - O Departamento de Engenharia Mecânica da UFPR, através da Fundação da Universidade Federal do Paraná acaba de firmar um Termo de Compromisso com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobrás, para o desenvolvimento de tecnologia para geração de energia elétrica a partir de resíduos sólidos urbanos. O projeto prevê a instalação e operação de uma unidade com capacidade de processar até cinco toneladas por dia de lixo orgânico gerado pela poda de árvores e pelas cantinas e refeitórios do Centro Politécnico da Universidade. O documento é parte de um convênio firmado em dezembro de 2002, em que participam ainda a Finep - Financiadora de Estudos e Projetos do Governo Federal e a empresa Enercons - Empresa Paranaense de Consultoria em Energia, encarregada do projeto básico e executivo da planta piloto. O professor Marcos Campos, coordenador do projeto, explica que a grande vantagem do processo de transformação a ser utilizado na planta piloto será a gaseificação de materiais sólidos em temperaturas da ordem de 800 graus centígrados, que ocorrerá com a produção de gases combustíveis, sem liberação de gases poluentes ou fumaça. "Os resíduos finais do processo serão cinzas na proporção de 3% da massa original, que poderão ser aproveitados em aplicações industriais e na construção civil", diz Campos. Para o engenheiro Ivo Pugnaloni, superintendente técnico da Enercons, o projeto deve representar um grande papel no desenvolvimento de tecnologia de gaseificação do lixo urbano, colocando o país na vanguarda da solução de problemas graves como o da geração de energia renovável e o da correta destinação do lixo urbano. "Se todo lixo de Curitiba fosse transformado em gás através deste processo, a cidade seria auto-suficiente em energia elétrica para iluminação pública e para todos os prédios municipais", afirma Pugnaloni. Informações adicionais sobre o projeto podem ser obtidas diretamente com o professor Marcos Campos, fones 361-3488 e 361-3123 e com o engenheiro Ivo Pugnaloni, fone 353-4344".