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27/10/2003

CETESB presta contas do Programa de Controle da Poluição em Cubatão

   
 

A CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental apresentou nesta sexta-feira (23/10) os resultados de 20 anos do Programa de Controle da Poluição Ambiental em Cubatão, mostrando que 97% das 320 fontes de poluição autuadas em 1983 foram controladas. Os 3% restantes são objeto de negociação para a assinatura de Termos de Compromisso, para equacionamento final dos problemas ambientais.

A prestação de contas, realizada na Câmara Municipal de Cubatão, foi feita pelo presidente da CETESB, Rubens Lara, e pelo gerente da Regional de Santos, engenheiro Jorge Moya Diez, que ocupou a gerência da agência de Cubatão nos primeiros anos do programa de controle. Estiveram presentes no evento, entre outros, representantes da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Cubatão, além das lideranças da região.

Histórico
O presidente da CETESB, Rubens Lara, lembrou que seu engajamento com a questão ambiental começou exatamente na Baixada Santista, inicialmente contra a instalação das usinas nucleares onde hoje se encontra a Estação Ecológica de Juréia-Itatins. Disse ainda que, "como membro da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa e relator da Comissão Especial de Inquérito para apurar possíveis irregularidades no Município de Cubatão e dar solução aos problemas da poluição ambiental, mergulhei a fundo nesta questão e passei a acompanhar de perto o desenvolvimento do Programa de Controle da Poluição Ambiental neste município".

Em sua exposição salientou que foi por decisão do governador Franco Montoro que a CETESB iniciou, em julho de 1983, o Programa de Controle da Poluição Ambiental em Cubatão, fazendo um completo levantamento da situação das 23 indústrias do Pólo Petroquímico nesse município, cadastrando cada fonte de poluição das águas, do ar e do solo, para então propor as soluções adequadas para cada caso.

Esse trabalho demandou cerca de quatro meses, mostrando que as 320 fontes de poluição existentes nas 110 plantas industriais das 23 empresas de Cubatão faziam da Vila Parisi, onde viviam 4 mil dos 80 mil habitantes do município, um dos lugares mais poluídos do mundo.

Participação da comunidade

"É preciso ressalvar que não se tratava de um trabalho essencialmente técnico. Esse trabalho tinha um grande significado político, pois, pela primeira vez, depois de um longo período de governos autoritários, a sociedade tinha acesso a informações antes mascaradas em nome de uma falaciosa segurança nacional", explicou o presidente da CETESB. E acrescentou: "Pela primeira vez, depois de longos anos, a sociedade estava tendo consciência do que as indústrias produziam, que poluentes lançavam no meio ambiente, contaminando as águas, o ar e o solo. E, principalmente, a sociedade estava tendo consciência do que essa poluição representava para a saúde da população".

Lara destacou que, a partir do Programa de Controle da Poluição Ambiental em Cubatão, a sociedade passou a discutir os casos de leucopenia, não somente no âmbito das indústrias, mas as possíveis conseqüências para a comunidade do entorno, e os casos dos depósitos clandestinos de "pó da China" ao longo da Rodovia Pedro Taques, no Quarentenário, no Km 47 e em vários outros pontos.

"Não é à toa que o programa previa não apenas o controle das fontes estacionárias de poluição, que consistia em ações essencialmente técnicas. O programa proposto pelo Governo Montoro ia adiante e, além do apoio às ações de controle, com o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre os efeitos da poluição sobre a saúde da população, caracterização das águas dos rios e das chuvas e levantamento da toxicidade dos sedimentos, previa também, antecipando uma prática hoje comum na administração pública, ações junto à comunidade, estimulando a participação da população nas decisões a serem tomadas no Programa de Controle da Poluição."

Com essa finalidade, foi desenvolvido o Projeto de Participação Comunitária, que fazia parte do Programa de Controle, criando uma instância em que todos, governo, empresas e população, participavam de reuniões à noite e nos finais de semana, nos horários em que os trabalhadores tinham condições de estar presentes, onde eram feitos relatos sobre o andamento dos trabalhos de controle da poluição, apresentadas sugestões, reivindicações e propostas de alternativas de soluções para a questão ambiental.

Desta maneira, o que a CETESB acertava com as indústrias, estabelecendo cronogramas para o controle das emissões de poluentes, era comunicado à população que se tornava uma espécie de auditor do programa. Pela primeira vez, depois de vinte anos de regime de exceção, governo, indústria e população se sentavam à mesa para discutir assuntos de interesse comum.

O resultado foi a redução das emissões de material particulado para menos da metade, em dois anos de programa. O levantamento inicial indicava que as indústrias lançavam diariamente 236,6 toneladas diárias de poeira na atmosfera. Esse número caiu para 126,4 toneladas diárias dois anos depois. No mesmo período, das 320 fontes de poluição levantadas, 170 haviam sido controladas.

Ao final do programa, em abril de 94, a CETESB logrou controlar 91% das fontes de poluição autuadas.

Ao finalizar, o presidente da CETESB disse que as fontes autuadas e não controladas até o final do programa passaram a ser objeto de atenção individualizada, por meio de ações de fiscalização rotineiras. Hoje, segundo Lara, a quase totalidade das fontes possuem controle e as que restam estão negociando assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta para equacionamento final dos problemas ambientais.

20 anos de controle

O gerente regional da CETESB na Baixada Santista, Jorge Moya Diez, que ocupava o cargo de gerente da agência de Cubatão nos primeiros anos desse programa, apresentou os resultados das ações desenvolvidas ao longo dos últimos 20 anos.

O Programa de Controle de Poluição Ambiental em Cubatão, segundo Moya, realizou um levantamento das fontes de poluição, em 1983, conforme o quadro abaixo:


Poluição Fontes Autuadas Fontes Controladas
Ar 230 207
Águas 44 44
Solo 46 44
Total 320 295


Hoje, 97% das fontes encontram-se controladas, sendo que as inadimplentes, que não atenderam às exigências da CETESB, vêm sendo notificadas sobre as condicionantes ambientais a serem cumpridas pelas empresas, por meio da assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta – TAC. Dessa maneira, todas as fontes autuadas deverão ser controladas, permitindo a regularização de licenciamento de algumas outras fontes, zerando as pendências de licenciamento da agência.

Poluição do ar
Antes da implementação do Programa de Controle, as emissões dos principais poluentes atmosféricos oriundos do parque industrial, são as demonstradas no quadro abaixo:


 
 Firmas Mat.Part
Kg/dia
Fluoretos
Kg/dia
NH3
Kg/dia
Sox
Kg/dia
Nox
Kg/dia
HC
Kg/dia
 Bungle Planta 1 29538 1118 1982 2030 59 1,1
 Bungle Planta 2 30268 1412 2602 617 61 1,1
 Carbocloro Ind. Químicas S/A 151     2193 333 7
 Cargil 26953 941 653 842 133 1,1
 Cimento Rio Branco 9819     49 74 1,1
 Cia. Brasileira de Estireno 198     2287 355 17
 Cia. Santista de Papel 54     1283 195 3
 Cia. Siderúrgica Paulista 722694   471 17763 20724 4875
 Copebras/Gespa 32683 11658 795 12262 472 1353
 Engeclor 41          
 IFC S/A 2087          
 Petróleo Brasileiro – RBPC 31019     79378 7310 56267
 Petróleo Brasileiro – TECUB       100 40 7195
 Petrocoque 92783     8760 241 246
 Rhodia   Inativa        
 Transpetro – DTCS       100 40 18934
 Ultrafértil – FAFER     278 1300 13951  
 Ultrafértil – Piaçaguera 16883 425 2780 24543 15841  
 Union Carbide do Brasil 167     100 1398 330
 White Martins 202     288 46 645
 Total 995540 15554 9561 153895 61273 89876
 

As emissões remanescentes dos principais poluentes atmosféricos, após o controle obtido até 1997, são demonstradas no quadro a seguir:

   
   
Percentual de redução da poluição do ar
Firmas Mat. Part.
Kg/dia
Fluoreto
Kg/dia
NH3
Kg/dia
Sox
Kg/dia
Nox
Kg/dia
HC
Kg/dia
Bungle Planta 1 99,15 97,02 99,09 68,41 97,06 97,27
Bungle Planta 2 99,44 98,50 99,73 74,29 51,90 50
Carbocloro Ind. Químicas S/A 62,51     75,39 24,34 45,14
Cargil 99,64 98,99 99,82 55,17 2,44 119,09
Cimento Rio Branco 99,58     73,38 37,0 20,90
Cia. Brasileira de Estireno 96,41     99,96 20,87 65,05
Cia. Santista de Papel 38,87     58,81 6,82 13,33
Cia. Siderúrgica Paulista 98,07   99,39 35,17 118,17 0
Copebras/Gespa 99,26 99,37 100 78,55 76,51 99,87
Engeclor 99          
IFC S/A 99,43          
Petróleo Brasileiro – RBPC 94,97     45,58 480,98 86,74
Petróleo Brasileiro – TECUB       100 100 99,99
Petrocoque 99,75     65,70 100 100
Rhodia            
Transpetro – DTCS       61,78 60,9 99,99
Ultrafértil – FAFER 98,64   99,82 99,99 95,25  
Ultrafértil – Piaçaguera 93,91 97,44 96,30 91,74 94,09  
Union Carbide do Brasil 96,22     99,29 52,94 99,36
 

Os resultados apresentados demonstram inequivocamente as reduções expressivas conseguidas a partir das ações iniciadas em 1984 e executadas ao longo do programa. Com o cumprimento, por parte de algumas indústrias, das condicionantes ambientais estabelecidas nos Termos de

Ajustamento de Conduta, certamente os ganhos resultantes serão ainda maiores.

Poluição das águas
As emissões remanescentes dos principais poluentes das águas, após o controle obtido até 2002, demonstram reduções expressivas conseguidas a partir das ações iniciadas em 1984.


 Empresa Carga Orgânica (t/ano)
  Geração Rermanescente
 Bungle Planta 1 10,2 2,04 (20%)
 Bungle Planta 2 377,80 19,70 (5,3%)
 Cargil 19,7 3,9 (19,8%)
 Carbocloro Inds. Químicas S/A 399,30 56,20 (14,1%)
 Cia. Brasileira de Estireno 307,30 82,10 (26,8%)
 Cia. Santista de Papel 92,70 9,30 (10,1%)
 Cia. Siderúrgica Paulista 1204 342 (28,4%)
 Copebrás 93,40 18,70 (20,1%)
 Petróleo Brasileiro – RPBC 13694,80 688 (5,1%)
 Ultrafértil S/A – FAFER 239,10 18,30 (7,7%)
 Ultrafértil S/A – Piaçaguera 216,40 43,10 (19,9%)
 Union Carbide do Brasil 492 5,80 (1,2%)
 Total 17146,70 1289,14
   
 

Poluição do solo
Os resíduos sólidos de natureza doméstica, após coleta, são dispostos em aterro sanitário (Estre), localizado à Rodovia Piaçagüera-Guarujá, Km 72, Morro das Neves.

Os resíduos sólidos hospitalares, laboratoriais e farmacêuticos, após coleta específica, são incinerados fora do município, em Mauá, em equipamento licenciado pela CETESB.

Os resíduos sólidos industriais foram classificados de acordo com a periculosidade conferida em relação à inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Segundo norma existente, os resíduos são agrupados em três classes, a saber: Resíduos Classe 1 – Perigosos; Resíduos Classe 2 – Não Inertes e Resíduos Classe 3 – Inertes.
No quadro abaixo são apresentados os resíduos, por classe, gerados pelas empresas de Cubatão em 2002:


   
   

 Empresa

Resíduo
Classe 1
Resíduo
Classe 2
Resíduo
Classe 3
Total
(t/mês)

 Alba Química Ind. E Com. Ltda.

14,73 - - 14,73

 Benzoato do Brasil

80,00 17,00 - 97,00

 Bungle Planta 1

- - - -

 Bungle Planta 2

4,58 - - 4,58

 Cargil

0,62 - - 0,62

 Carbocloro Oxypar Ind.

873,13 8,05 - 881,18

 Cia. Brasileira de Estireno

600,13 240,00 - 840,13

 Cia. Santista de Papel

3,34 4,17 - 7,51

 Cia.Siderúrgica Paulista

7.032,63 - - 7.032,63

 Columbian Chemicals

- 25,14 - 25,14

 Copebrás

7,08 41,67 - 48,75

 Enesa

0,02 - - 0,02

 Gafor

1,00 - - 1,00

 IFC S/A (antiga Trevo)

- - - -

 Petróleo Bras.- Transpetro

4,50 - - 4,50

 Petróleo Bras. – TECUB

0,23 - - 0,23

 Petróleo Bras. – RPBC

104,28 - - 104,28

 Prefeit. Cubatão - At. San.

9,50 - - 9,50

 Petrocoque

7,27 20,13 - 27,39

 Rhodia S/A*

21.202,85 63.363,63 136,17 84.702,65

 Sabesp

- 2.166,67 - 2.166,67

 Ultrafertil S/A – TM

0,04 - - 0,04

 Ultrafértil S/A – CCB

0,42 2,50 - 2,92

 Ultrafértil S/A – Piaçaguera

8,79 5,00 - 13,79

 Union Carbide

208,11 10,00 - 218,11

 TOTAL

8960,39 2540,32 136,17 11500,50
 
* - Quantidade (ton.) em estoque na indústria. Sem geração atual.

Episódios de poluição do ar
O quadro abaixo mostra o número de episódios de poluição registrados em Vila Parisi, desde o início do Programa de Controle:


 Ano Alerta Emergência Total
 1984 16 01 17
 1985 14 01 15
 1986 06 00 06
 1987 04 00 04
 1988 03 00 03
 1989 00 00 00
 1990 01 00 01
 1991 02 01 03
 1992 00 00 00
 1993 00 00 00
 1994 01 01 02
 1995 a 2003 00 00 00

Ações em andamento
Controle das fontes sem conformidade legal Controle de fontes não prioritárias que passaram a ser significativas após o controle das fontes de maior impacto Remediação de áreas contaminadas e do canal de Piaçagüera

Ações futuras de controle
- Monitoramento "on line" das emissões atmosféricas
- Monitoramento da qualidade dos rios da região
-Renovação de licenças ambientais

Compesações ambientais
- Centro de Ensino e Pesquisas de Meio Ambiente
- Centro de Monitoramento do Ar - "On Line"
- Estação Telemétrica - medição de poluentes na atmosfera
- Unidade Móvel de atendimento a acidentes ambientais
- Barco para monitoramento dos rios da região.

   

Fotos:
José Jorge
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