2003


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JANEIRO


Quinta-feira, 02 de janeiro de 2003


Edinburgh Evening News:
31/12/2002 - Por: Julia Horton

LOCAL DE ATERRO DE LIXO PODE SER A CAUSA 
DA ELEVAÇÃO DE DEFEITOS EM CORAÇÃO DE BEBÊ   

Taxa de defeitos de coração em bebês na Escócia podem estar associados aos efeitos de poluição advinda de aterros de lixo. Os peritos pediram uma investigação urgente, para descobrir se as preocupações são ou não justificadas. Leia o artigo: http://www.edinburghnews.com/scotland.cfm?id=1447902002

Manny C. Calonzo
Tel/Fax: +632 4364733


 
Sexta-feira, 10 de janeiro de 2003
 

Banco Mundial financia poluição tóxica no Brasil

 
Santos - Brasil, 10 de janeiro de 2003 - A ACPO - Associação de Combate aos POPs, organização não governamental formada por trabalhadores contaminados pela empresa Rhodia - solicitou hoje em carta enviada ao escritório do Banco Mundial no Brasil que a instituição desenvolva uma política efetiva de prevenção à emissões de Poluentes Orgânicos Persitentes (POPs).

Nos últimos 10 anos o Banco Mundial  financiou pelo menos 156 projetos ao redor do mundo nos quais a incineração é adotada como tecnologia para destruição de resíduos (1). Em recente relatório sobre financiamentos a projetos de incineração feitos pelo Banco Mundial, lançado em setembro de 2002 pela GAIA - Global Aliance for Incinerator Alternatives (Aliança Global para Alternativas à Incineração), uma rede internacional de organizações da sociedade civil, da qual a ACPO faz parte - o Brasil, com 8 projetos relacionados ao tratamento térmico de resíduos, ocupa a segunda posição no ranking mundial de financiamentos feitos pelo Banco Mundial, empatado com a Turquia com  7 e só perdendo a lamentável liderança para o Kenia, com 12 projetos. O relatório demonstra claramente a rota de investimentos internacionais para desvio desta tecnologia suja e obsoleta para os países em desenvolvimento.

Um dos casos brasileiros é o projeto de Cataguazes/Sergipe (ID 10727), onde, em 2001 foi aprovada uma linha de financiamento para as empresas de energia elétrica de Sergipe (ENERGIPE) e da Paraíba (SAELPA) destinada à expansão dos sistemas de distribuição de energia e onde está prevista a queima de Bifenilas Policloradas (PCBs) no incinerador da empresa Bayer em Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro (2). Entretanto, já existem tecnologias alternativas a incineração para a destruição dos PCBs sendo aplicadas em países desenvolvidos como o Canadá, Austrália e os Estados Unidos.

"É inadmissível que uma instituição que tem como objetivo o desenvolvimento dos países financie a adoção de tecnologias sujas e obsoletas como a incineração" diz Jeffer Castelo Branco, diretor da ACPO.

Além de gerar cinzas altamente tóxicas (material sólido pós-incineração), poluir o ar (emissões de chaminé) e água (efluente líquidos) por diversas substâncias que não só as dioxinas, os incineradores destroem  uma quantidade significativa de materiais, ou seja operam através da queima de recursos naturais muitas vezes não renováveis e que poderiam e deveriam ser reutilizados, reciclados ou ainda enviados para compostagem.

A redução da geração de resíduos, a reutilização dos resíduos e materiais e a reciclagem é o caminho mais lógico e se configura na administração saudável e ambientalmente sustentável dos materiais, produtos e processos desenvolvidos pelos homem. "É muito simples queimar, mas o custo ambiental e para a saúde humana é irreversível e inestimável, portanto, nada mais óbvio do que se investir em técnicas e tecnologias limpas e seguras e é exatamente isso que queremos do Banco Mundial" acrescenta Karen Suassuna, coordenadora de segurança química da ACPO.
 
Notas ao Editor:
(1)A incineração é  internacionalmente reconhecida como fonte de emissões de uma vasta gama de poluentes ambientais incluindo os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), como Bifenilas Policloradas, Dioxinas, Furanos, entre outros. A literatura mundial mostra que tais compostos tem impacto severo na saúde humana, de animais e no meio ambiente, pois são substâncias altamente tóxicas, bioacumulativas e persistentes, ou seja além de se acumularem nos tecidos vivos, não se degradam facilmente no meio ambiente, potencializando sua atuação danosa, que inclui danos ao aparelho reprodutivo, ao sistema imunológico, a recém nascidos e bebes em gestação e em vários casos são percursores de doenças como a câncer. Em 23 de maio de 2001, o Brasil assinou a Convenção de Estocolmo das Nações Unidas, um tratado internacional que tem como objetivo a eliminação de POPs, iniciando com uma lista de 12 compostos, onde estão inclusas as dioxinas e furanos.
(2) O relatório está disponível on-line nos endereços: www.acpo.org.br  e  www.no-burn.org


Segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

Anvisa investiga alimentos contaminados por agrotóxicos

A quase 10 anos os Srs. Sebastião Pinheiro, Nasser Youssef e Dioclécio Luz escreveram a fantástica obra "A Agricultura Ecológica e a Máfia dos Agrotóxicos no Brasil".

No Brasil o reconhecimento do problema de contaminação dos alimentos e a conseqüente exposição e intoxicação humana existe, porém a busca de uma solução seguem a passos curtos e lentos apesar do grande e grave problema de saúde pública latente, não só pelo fato do alimento adulterado que chega a mesa da população, mas também pelo grave problema de exposição dos agricultores e da contaminação ambiental, do ar durante a aplicação e do solo, águas superficiais e subterrâneas afetadas pelo material  carreado durante os eventos do tempo nas regiões agrícolas.
 
Infelizmente este estado de coisas se perpetuam a custa da omissão da informação ao consumidor e ao produtor, da falta de fiscalização e incentivo a práticas agrícolas saudáveis, e da prática de muito lobby da indústria de agrotóxico sobre nosso legislativo etc.
 

Leia o Boletim Informativo da Anvisa nº 25, de novembro de 2002


Quarta-feira, 16 de janeiro de 2003

Jornal o Estado do Paraná
 http://www.parana-online.com.br/index.php?pag=noticias&id_noticia=26738&noticias=S&id_tema=20&id_caderno=11
Paraná-Online

Paraná, 15/01/2003:

Cancelada licença para produto tóxico
Lawrence Manoel

Em audiência com os vereadores de Curitiba que compõem a comissão que investiga o lixo tóxico, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, decidiu cancelar definitivamente a autorização concedida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) no ano passado, permitindo a vinda de 20 mil toneladas de solo contaminado com produtos cancerígenos de Cubatão para um depósito na Cidade Industrial de Curitiba. A decisão foi baseada no laudo da companhia de saneamento paulista, que confirmou a presença de substâncias tóxicas no solo.

Segundo o vereador Jorge Bernardi (PDT), coordenador da comissão, entre os produtos encontrados está o pentaclorofenol, conhecido como "pó-da-china".

O secretário também ficou de estudar uma solução para as 300 toneladas de lixo tóxico que já foram transportadas para o local.

Embora portaria do Conselho Estadual de Meio Ambiente proibisse a vinda desse tipo de lixo para o Estado, o IAP, em 16 de novembro de 2002, autorizou a multinacional francesa Essencis a trazê-lo. Em 16 de dezembro, depois de denúncia de Bernardi e de ambientalistas, o IAP suspendeu a autorização que agora foi definitivamente cancelada. Os produtos que compõem o solo contaminado de Cubatão são: hexaclorobenzeno, que afeta a fertilidade e causa câncer, pentaclorofenol (pó-da-china), que afeta o sistema imunológico, tetracloroetileno, que afeta o fígado e rins, e 1,2-dicloroetano, que afeta o sistema nervoso e causa câncer.


NOTÍCIA ACIMA FOI ENCAMINHADA PELA AMBIENTALISTA ZULEICA NYCZ DA ONG AMAR DO PARANÁ, QUE
TRABALHOU ATIVAMENTE NO BLOQUEIO DA EXPORTAÇÃO IRREGULAR DESTE RESÍDUO TÓXICO ENTRE ESTADOS.



O lixo tóxico mencionado na reportagem acima seria totalmente enviado para o aterro da empresa Essencis no Paraná pela empresa CARBOCLORO de Cubatão com aval da CETESB. Mas uma ação conjunta entre entidades ambientalistas de São Paulo e do Paraná bloquearam a transferência.  Mais uma vez as duas empresas (CETESB/CARBOCLORO) estão envolvidas em transferência irregular de resíduos tóxicos, como a ocorrida no ano de 2001 com transferência de 3 mil toneladas de resíduos mercuriais para o aterro da empresa Ecossistema em São José dos Campos, onde segundo a legislação daquela cidade como a exemplo do Paraná, proíbe o recebimento de resíduos tóxicos, neste caso organoclorados.

A empresa SASA em Tremembé foi consultada anteriormente para a possibilidade de receber este lixo tóxico, porém uma reação da sociedade bloqueou a transferência e trouxe a tona os vários problemas ambientais que enfrenta este aterro classe I, explica o Eng° Agr° Rainer Knoop.